terça-feira, 8 de junho de 2010

O Mangusto leal

Começo pelo conto "O mangusto leal", que é próprio da tradição oral, ou seja, é uma história contada oralmente, de pessoa a pessoa na tradição chinesa/indiana.


O mangusto leal

Havia uma vez um Brâmane chamado Pio, num certa cidade. Sua mulher criava um único filho e m mangusto. E como gostava dos pequeninos, cuidava também do mangusto como de um filho, dando-lhe leite do seu seio, remédios e banhos, e assim por diante. Mas não tinha confiança nele, porque pensava – o mangusto é uma criatura ruim. Poderia fazer mal a meu filho.

Um dia ela aconchegou o filho na cama, apanhou uma bilha d’água e disse ao marido: - Olhe professor, eu vou buscar água. Você precisa proteger o menino contra o mangusto. Mas depois dela ter saído o Brâmane também saiu para mendigar comida, deixando a casa vazia.

Enquanto este estava fora, uma cobra preta saiu de seu buraco, e de acordo com o destino, esgueirou-se para o berço do bebê. Mas o mangusto, sentindo nela um inimigo natural, e temendo pela visa de seu irmãozinho, caiu sobre a malvada serpente, lutou com ela, fê-la em pedaços, e atirou-os longe. Então, encantado com seu heroísmo, correu, com o sangue ainda a escorrer-lhe da boca, ao encontro da mãe, porque queria mostrar o que fizera.

Mas quando a mãe vu chegando, viu sua boca ensangüentada e seu nervosismo, pensou que o miserável tivesse comido o filhinho, e sem refletir, raivosamente atirou a bilha d’água em cima dele, matando-o instantaneamente. Lá o abandonou sem mais delongas, e apressou-se em voltar para casa, onde encontrou o bebê são e salvo, e junto ao berço uma enorme cobra preta em pedaços. Então, abismada de dor, porque matara irrefletidamente o seu benfeitor, seu filho, pôs-se a bater na cabeça e no peito.

Nesse momento chegou o Brâmane com uma travessa de caldo de arroz, que conseguira de alguém nas suas voltas de pedinte, e viu a mulher amargamente lamentando o filho, o pobre Mangusto: - Ambicioso! Ambicioso! gritou ela. Porque você não fez o que lhe disse, tem agora que sofrer a amargura da morte de um filho, o fruto da árvore da sua maldade. Sim, isto é o que acontece aos que se deixam cegar pela voracidade.



Fonte: Panchantra - O Mangusto leal

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Conto

"Gênero difícil a despeito de sua aparente facilidade" Machado de Assis.

"Será conto aquilo que o autor denominou conto" Mário de Andrade.